24 de julho de 2017

Não te prometo que vou estar contigo para sempre.
Não o prometo perante a demasiada grandeza da eternidade que não cabe no meu tempo.
Não vou fugir do meu tempo nem subsistir sem ele embora, as vezes, eu possa negar a matemática divina.
Não te prometo esquecer de ti, caído no vazio sem corpo nem pensamento.
Gosto de ti mesmo que negue a tua generosa e tão meiga vontade de me receber no teu tão reconfortante abraço.
Nos teus braços que embalam todos os meus sonhos até que a imensa vontade de os viver faça nascer de dentro de mim acções concretas. Graças a ti. A cidadela das minhas esperanças que levas no teu ventre onde já estive feliz ao pertencer te de consciência e de toda a alma.
Tão teu. Como um filho a procura de uma mão sempre pronta para apaziguar qualquer medo perante algo tão grandioso como desconhecido. Quando junto a ti procurei abrir as asas e encher o peito de ar para começar a respirar-te sem medo de sufocar.
Não posso negar, esqueço-me de ti, por vezes, quando me perco num vazio frio entranhado nos ossos da minha existência. É quando fico oco por dentro porque arranco as memórias de ti. E por momentos fico órfão. Sozinho no universo. Presente em todas as ausências que já vivi quando te virei as costas sem nem me ter apercebido sequer que o tal não era possível enquanto persistir o amor e enquanto resistir ao tempo que se acobarda e foge.
Confesso, já te traí com impensáveis actos de desespero. Aquele não fui eu, foi minha sombra que escapou da tua luz e foi cavar a terra regada com as lágrimas de mendigo a procura de um abrigo.
Mas tu, sempre estarás aqui por mim, como sempre estiveste quando nasci em ti, para viver sem medo de ser eu aquele que tu quiseste. Um filho que pertence às raízes. Uma semente a germinar no teu seio.
A vida.
....
(Denis Getman)