23 de maio de 2017

Não te acanhes comigo,
não tires espaço ao nosso infinito.
Não nos abafes com a dor das incertezas.
Não negues a generosidade deste universo.
Apenas marca o meu mundo
com a tua tão especial presença.
E para sempre,

dure o que durar o nosso tempo..
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(Denis Getman)


21 de maio de 2017

Ela fechava-se dentro do quarto, enchia o pensamento de silêncio e olhava o mundo que escondia-se atrás da janela dissolvido no escuro magma da noite.. Era o seu mundo, hermético, impenetrável a qualquer resquício da realidade verdadeira. Uma bolha dentro da qual tudo crepitava de esperança e de sonhos cor de rosa. Era o seu mundo de menina. Lindo e perfumado pela ingenuidade quase infantil. Os seus olhos furavam a densa lona do céu que agora cobria as copas das árvores e evidenciava os seus vultos. Engolia tudo que encontrava lá em baixo, na adormecida meditação da noite. Pequenas luzes cintilantes adornavam a negra cúpula, impermeável à luz do dia. Pareciam minúsculos buraquinhos que deixavam espreitar outros mundos que abundavam do lado de lá. Ali, do outro lado, as esperanças tomavam forma. Num fervilhar da incontível vontade de viver, tudo era tão tangível que nem precisava de ser pensado.. Apenas vivido sem medo. Naturalmente. Sem esconder os sentimentos. Sem nada querer além do que já se possuía naquele precioso momento. Sem mais adiar..
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(Denis Getman)



19 de maio de 2017

Eu sou a luz de outras estrelas.
Os meus olhos captaram brilho
que ainda não tocou tuas retinas.
E nas pestanas trago pó de outros mundos.
Mundos onde os sois nunca se põem.
No coração guardo o vibrar do universo.
No meu sangue sopram ventos fortes.
Em fervorosa dança tudo desaba e morre.
Para ceder lugar a algo novo,
mas ainda não desperto.
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(Denis Getman)